UMA MÉDICA, EXPÕE AQUILO QUE POUCOS SABEM. OS HOSPITAIS ESTÃO A SER DESMANTELADOS, O SNS ESTÁ A TORNAR-SE AINDA MAIS CARO E INSUSTENTÁVEL, EDIFÍCIOS E MÁQUINAS ESTÃO AO ABANDONO, TUDO PARA FAVORECER INTERESSES PRIVADOS...
"O Hospital Pulido Valente, onde sou médica pneumologista, está integrado no Centro Hospitalar Lisboa Norte (designação recente do conjunto dos Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente).
Neste Hospital, desde há cerca de dois anos, estamos a assistir ao encerramento de edifícios. O edifício da Faculdade de Medicina, agora totalmente abandonado, foi desativado. Alguns serviços foram já transferidos para o Hospital de Santa Maria e as respetivas instalações, que tinham recebido importantes e dispendiosos melhoramentos, ficaram ao abandono.
Há edifícios construídos de raiz que nunca chegaram a funcionar e outros recentemente reconstruídos na sua quase totalidade e com equipamentos de ponta instalados (bloco operatório com várias salas, pronto a funcionar) que foram deixados ao abandono, há mais de um ano, sem qualquer explicação. Aqui não se pode falar de falta de espaço, nem das más condições das instalações do Hospital.
Tudo isto teve custos muito elevados embora, também neste caso, a falta de transparência dos gastos públicos não permita quantificar o seu valor real, o que infelizmente é habitual em Portugal.
A dívida 300 milhões de euros parece ser o motivo para justificar o encerramento do Hospital. O encerramento paga as dívidas? Como?
Não se vai analisar a gestão nem se responsabilizam os Conselhos de Administração que levaram a esta situação e a dívida ainda serve de justificação para o encerramento do Hospital!
O argumento de que o Hospital Pulido Valente não é necessário e que encerrá-lo é uma forma de poupar recursos esconde outra realidade totalmente diferente.
Ao mesmo tempo que se abandonam edifícios recentes, onde já foram gastos muitos milhões de euros, num espaço dentro da cidade, com um Parque Arbóreo raro (tem um plátano com mais de 400 anos, classificado de interesse público em 1945) aprova-se a construção do Hospital de Todos os Santos, também na mesma cidade de Lisboa. Tudo isto num País em bancarrota.
Parece óbvio que os edifícios do Estado para a Saúde dentro de uma cidade, de uma região ou dentro do País devem ser considerados no seu conjunto. E, no entanto existem muitíssimos exemplos de destruição e desperdício de dinheiros públicos com o património material da Saúde, como edifícios (geralmente de qualidade superior aos que vão ser alugados ou comprados e em alguns casos com valor histórico), bibliotecas, equipamentos de ponta.
O Hospital Pulido Valente é atualmente o oitavo Hospital em Lisboa com encerramento planeado, não contando os que já foram encerrados e estão devolutos, e portanto não aproveitados para outros fins dentro da área da Saúde, como os Hospitais de Arroios (devoluto há 20 anos), Desterro e Miguel Bombarda.
Aos outros seis Hospitais (que são o de S. José, Santa Marta, Sto. António dos Capuchos, Dona Estefânia, Curry Cabral e Maternidade Alfredo da Costa), junta-se ainda o Instituto Gama Pinto, localizado na Colina de Santana. Trata-se portanto da iminente destruição irreversível do património material e imaterial, científico, histórico e humano da cidade de Lisboa. São Hospitais de referência ao nível das diversas especialidades médicas e cirúrgicas como a cardiologia, a oftalmologia, a otorrinolaringologia, a medicina interna, a pneumologia, a ginecologia-obstetrícia, a neurologia, a cirurgia cardio-torácica e a ortopedia, com os seus serviços de internamento, urgência e bloco operatório, com a sua intervenção no ensino universitário e pós-graduado, na investigação e em territórios tão únicos e delicados como o transplante pulmonar, cardíaco e hepático. Estão a desmantelar estes históricos Hospitais sem que ninguém se pergunte que sentido isso faz do ponto de vista clínico, do serviço às populações e do equilíbrio das contas públicas. Na odisseia do novo Hospital de Todos os Santos e na especulação imobiliária que se prepara para os antigos Hospitais no centro de Lisboa, o negócio é quem mais ordena.
Encontram-se, em notícias dispersas, argumentos falaciosos para o encerramento destes seis Hospitais: um Hospital novo e moderno para substituir os Hospitais velhos e “antiquados” (fazendo a associação errada do Hospital de Todos os Santos a construir em Chelas, à Medicina que se deve praticar no século XXI) e que os custos de manutenção de Hospitais já construídos e reabilitados são maiores que os custos de um Hospital a construir (e também a sua respetiva manutenção).
Mas é a própria lei que desaconselha mais construção nova. No Decreto-Lei nº 185/2002 de 20 de Agosto, o Estado associa privados à prossecução do serviço público de saúde, atribuindo-lhes com o nº2, art. 8º do mesmo Decreto-Lei, a conceção, construção, financiamento, conservação e exploração desses estabelecimentos. O Despacho nº 2025/2007 dos Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Saúde, refere que o investimento público nesta área deve ser orientado para a remodelação, ampliação e beneficiação das estruturas existentes, exatamente o contrário do que está acontecer.
Há poucos anos, por meio de engenharia financeira, a Estamo, empresa do Ministério das Finanças, “comprou” estes Hospitais ao Ministério da Saúde e encomendou discretamente, sem concurso público, os projetos para os terrenos libertados pela destruição dos referidos Hospitais. Também não foi dado a conhecer qual o financiamento mas já há projetos e maquetas pagos (em julho passado a Estamo, o arquiteto representante da Câmara Municipal de Lisboa e os arquitetos responsáveis dos vários projetos apresentaram, em sessão pública, na Ordem dos Arquitetos, os referidos projetos de arquitetura).
Quando em Portugal parecia haver muito dinheiro e a ministra da Saúde e secretário de Estado da Saúde eram, respetivamente, Leonor Beleza e Costa Freire (que chegou a estar preso) houve um anúncio de venda do Hospital Júlio de Matos. Foi também encomendado um projeto pelo Ministério da Saúde ao arquiteto Tomás Taveira. Planeava-se a destruição das dezenas de edifícios situados no espaço do Hospital e a construção de um condomínio de luxo. A maquete deste projeto chegou a ser publicada no jornal Expresso. Nesta altura houve a reação dos cidadãos em geral e também dos médicos, historiadores e políticos, que conseguiram evitar até agora a destruição do Hospital e de todos os edifícios que o constituíam. O Hospital Psiquiátrico ficou com menos edifícios e outros foram adaptados para Serviços ligados à Saúde, como a Sede do Infarmed – Instituto da Farmácia e do Medicamento e do Instituto de Sangue. Perderam-se “apenas” os largos milhares de contos pagos na altura pelo projeto do condomínio de luxo na Avenida de Brasil.
A intenção para o encerramento de tantos Hospitais parece ser só uma: favorecimento dos Hospitais PPP. O esquema de encerramento de todos estes Hospitais também é semelhante: constrói-se um Hospital PPP, que abrange a área do Hospital a encerrar e agrega-se esse Hospital (oficialmente ou não) a um ou mais Hospitais. Os serviços dos Hospitais que se querem encerrar vão sendo extintos, porque já não se justificam. No caso do Hospital Pulido Valente, o Hospital PPP em questão é o Hospital de Loures (na área do HPV) e o Hospital ao qual recentemente foi agregado é o Hospital de Santa Maria (onde, como é obvio, existem todos os Serviços a encerrar no HPV).
O Hospital Júlio de Matos parece estar também a sofrer do mesmo esquema: encerramento de serviços por causa do Hospital PPP de Loures e transferência de algumas valências para o Hospital de Santa Maria. Com os seis Hospitais que constituem o CHLC, a extinção sucessiva de serviços é mais complicada (pela enorme quantidade de serviços a extinguir e o atraso na construção do Hospital PPP de Todos os Santos), mas mesmo assim, já está a ser feito com a Maternidade Alfredo da Costa.
Em Inglaterra, onde foi criado o Serviço Nacional de Saúde após a Segunda Guerra Mundial e que foi o modelo, após o 25 de Abril, para o nosso Serviço Nacional de Saúde (igualdade de acesso aos cuidados de saúde de todos, independentemente das condições socioeconómicas de cada um) os Hospitais de referência mundial na sua área de especialidade são Hospitais centenários como o Royal Brompton Hospital, na área da Pneumologia. Também o St Mary´s Hospital (o hospital onde nascem os príncipes) e o King Edward VII Hospital (também usado pela família real britânica) são Hospitais centenários. Todos eles sitos no centro de Londres. E ninguém se lembrou de construir mega-hospitais de raiz noutras zonas da cidade, vendendo estas unidades históricas do centro da capital para hotéis ou condomínios.
Estes exemplos provam de forma irrefutável que o Hospital mais moderno e com as melhores condições pode ocupar um edifício centenário e localizado no centro de uma grande cidade.
(...)Mesmo no que se refere aos dinheiros públicos, esquecendo todo o Património em causa, onde estão os estudos que provam que são maiores os custos de manutenção dos seis Hospitais construídos e a funcionar em pleno do que a construção e manutenção de um novo Hospital (PPP) para os substituir? Não se percebe como é possível vir a cumprir com o número máximo de 600 camas, como recomendado pela OMS.
As tentativas de negociatas estilo IPO/Isaltino/Duarte Lima continuam…
Como é possível tentar fazer tudo isto como se fosse normal?
Hoje, precisamente, a Assembleia Municipal de Lisboa inicia um conjunto de debates sobre os negócios previstos para os Hospitais de Lisboa. Esperemos que sejam debates esclarecedores.
Todo este caso soma demasiadas perguntas, que continuam sem resposta. fonte
Este video prova crimes graves contra o SNS e os doentes, e nada se faz para punir os criminosos? Crimes graves contra o estado e a nação?
E ASSIM SE EMPURRAM OS DOENTES PARA O PRIVADO
--"Mais de sete em cada 10 portugueses (75%) consideram provável sofrer algum incidente adverso nos cuidados de saúde, no que consiste a terceira percentagem mais elevada da Europa, revela um Eurobarómetro divulgado a propósito de um balanço das medidas tomadas pelos estados-membros para reforçar a segurança dos doentes." FONTE
-- Demissão em bloco, dos 66 diretores do hospital portuense.
"Nesta altura, começa a não ser possível garantir aos doentes as condições de prática clínica adequadas, há cirurgias que estão a ser adiadas simplesmente porque não temos operacionais para limpar os blocos operatórios e este quadro promete, obviamente, agravar-se com o período de férias de verão" fonte
-- Ordem dos Médicos denuncia que serviços de saúde no Algarve estão à beira da rutura.
A MÁ GESTÃO E GESTÃO CRIMINOSA ARRUÍNAM SNS
- Milhões ainda em caixotes.
- Abortos de luxo.
- Tachos do SNS.
- A máfia que se instala no SNS
- Ordenados de luxo e festas.
- Veja neste video a péssima gestão.
- Salários estranhos
- Médico espanhol denuncia as listas de espera do SNS
- Mudar de marca, um serviço público?
- Hospitais fantasma.... tenham medo
- Engenharia financeira visa acabar com o SNS
- ARNAUT -A agiotagem, o compadrio, o nepotismo e a submissão aos grandes grupos económicos, destroem SNS
- O SNS, o antes e o depois de estar no poleiro
- As conquistas de Passos Coelho pagam-se com a vida
- Morrer de cancro por não ter dinheiro para se tratar?
- Passos Coelho poupa nas reformas e no SNS?
- Cortar nas camas dos doentes
- Péssima gestão de stocks.
- Hospital de São João tem 30 cirurgiões que nunca foram ao bloco operatório
- Secretário de estado adjunto acha as misérias dos utentes do SNS cómicas!!
- O SNS em Inglaterra...
Na conivência deste crime hediondo, está o António Costa e o Salgado Vereador do Urbanismo da CML, Chelas é dos piores sítios para construção e estes dois criminosos incentivam e defendem a construção dum Hospital, para cúmulo de sadismo, um mega hospital que ajuda a destruir uma data deles úteis e funcionais e chamam-lhe "todos os SAntos" é mesmo para gozar com o povo e uma Nação inteira. Mas isto só é possível porque os Santanas, as Zézinhas e outros homenageados, mais os tolos escolhidos a dedo do Departamento de Urbanismo da CML pactuam e acham bem. Crime é pouco, um dia esperemos que paguem pelos horrores que estão a fazer. Com juros ao va lor da tróika, mas também podem ser com os juros dos mercados. Paguem!
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