Se vivêssemos num país a sério, a EDP não demitiria ministros
É urgente aprender a identificar os verdadeiros culpados, as ervas daninhas, e contribuir para as eliminar e punir, nas eleições e não só. Mas também é urgente identificar os patriotas e mostrar gratidão e reconhecimento nas eleições, censurando os media que os perseguem. Seria o mínimo que o povo poderia fazer por aqueles que contra tudo e todos, tentam lutar pelo país e por nós.
Esta é uma história real, onde
Paulo Portas é desmascarado por Álvaro Santos Pereira, como sendo aquilo que todos sempre desconfiaram. Um chantagista que ganha poder com coligações e amplia o poder com chantagem de demissões, a verdadeira ovelha negra que só pensa nos seus interesses e do partido, uma pessoa mesquinha, interesseira, traidora e sem escrúpulos que repugna os que defendem a pátria.
Este é o retrato do mais recente governo, mas é também o padrão de comportamento de todos os governos, os bons são um alvo a abater, estão em minoria e não são rentáveis. Mais um que foi silenciado e o povo tudo ignora...
"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons." Martin Luther King
Os atritos com Gaspar e o desprezo por Portas
Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia, publica livro sobre a sua passagem pelo Governo.
(...)É um ajuste de contas com a história, e, através do seu olhar, das suas palavras, apontamentos e memórias, somos conduzidos ao interior do executivo formado pelo PSD e pelo CDS.
Ao todo, são 420 páginas, que olham também para o futuro, o qual, diz, tem de passar por “um
reescalonamento a longo prazo da dívida dos países europeus mais endividados”. Além disso, defende:
“Se não baixarmos os impostos das empresas e das famílias, o país nunca conseguirá atrair investimento significativo.”
– “Reflectindo sobre o meu percurso na gestão do maior ministério da história da democracia, penso que parece óbvio que os primeiros meses acabaram por determinar um pouco o resto do meu período no Governo. O facto de ter sido
um independente que entrou para o Governo
sem experiência política e sem aliados políticos fez com que tivesse levado tempo a construir coligações e alianças.”
– "(…) Como fazer um contraponto ao ministro das Finanças mais poderoso desde Salazar seria sempre delicado, é de certa forma natural que houvesse uma grande impaciência nos primeiros meses em relação ao ministro da Economia e do Emprego.”
– “Como o ministro das Finanças
era quase intocável, e como o líder do segundo partido da coligação preferiu não lidar com a troika e com as razões da crise, o descontentamento sobrou facilmente para aquele que vinha de fora (o 'emigrante'), aquele que não conhecia a realidade do país (o 'estrangeirado'), aquele que
não tinha a força política (
que, aliás, nenhum outro ministro tinha) para enfrentar as Finanças e a troika.”
– “É verdade, isso sim, que eu não tive peso político para travar a saída da AICEP do Ministério da Economia, um erro que viria a ser parcialmente colmatado com a minha saída e a correspondente entrada do CDS para o ministério...
Sim, é verdade que eu não tive peso político para travar a subida do IVA da restauração, até porque a troika e outros eram a favor de tal subida. Sim, é verdade que não tive peso político para, durante largos meses, convencer a troika, o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças que a falta de financiamento das nossas empresas era o principal risco para o pograma de ajustamento".
– "(…)
É caso para perguntar: se, sem peso político, eu e a minha equipa conseguimos tanto, o que é que aconteceria se tivéssemos tido peso político? A resposta é relativamente simples: a reforma do IRC teria culminado na taxa mais competitiva da Europa, os impostos não teriam aumentado como aumentaram em 2012 e muito menos em 2013, as rendas da EDP teriam sido cortadas ainda mais, a AICEP não teria saído do Ministério da Economia e tínhamos tido mais e melhores mecanismos de financiamento das nossas PME.”
Sobre o desemprego
– “Quando tomámos posse em Junho de 2011, já era mais do que patente que o principal problema social que teríamos pela frente era o
enorme aumento do desemprego.”
– “(…) Provavelmente ninguém, nem no Governo, nem na oposição, pensaria que o desemprego iria subir tanto. Ou, pelo menos, tão depressa.”
– “Porque é que o desemprego aumentou tanto e tão rapidamente, então? Houve dois factores principais: a contracção do crédito (…) e a severidade da recessão.”
– “Como ficou rapidamente patente que as estatísticas existentes não eram muito realistas, decidimos fazer as nossas próprias estimativas para os meses seguintes, tendo em linha de conta a contracção do crédito (que, recordo, alguns negavam estar a acontecer) e o quase colapso do sector da construção.” “Quando chegaram os resultados, foi imediatamente evidente que as nossas previsões eram bastante mais pessimistas do que as estatísticas oficiais.”
Sobre a troika
– “A chegada da
troika foi fundamental para evitarmos a bancarrota e cair numa situação de colapso financeiro, bancário, orçamental e económico, o que teria tido consequências sociais desastrosas.”
“(…) Ainda assim, isto não quer dizer que tudo o que seja relacionado com a troika esteja certo ou deva ser aceite por nós passivamente.”
– “O crédito para as PME caiu mais de
20 mil milhões de euros, o que corresponde a uma quebra de quase 15% do crédito registado no início de 2011. Uma redução brutal e brusca do financiamento, que acabou por matar muitas das nossas empresas endividadas, muitas delas desnecessariamente. (…) Durante meses eu e a minha
equipa tentámos por todos os meios alertar a troika, o Ministério das Finanças e o próprio Banco de Portugal para a calamidade que estava prestes a acontecer. E se estes dois últimos acabaram por reconhecer o problema (até devido à grande pressão que o próprio primeiro-ministro começou a exercer),
a verdade é que a troika nunca se mostrou realmente preocupada com o assunto, pelo menos até muito tarde no programa de ajustamento.”