É isso que falta em Portugal.
Eleitores que saibam usar o voto para a democracia funcionar e a corrupção acabar.
O que é mais interessante no mercado de trabalho português é observar que uma enorme percentagem dos nossos trabalhadores mais jovens têm trabalhos temporários, muitos dos quais com poucas perspectivas de se tornarem permanentes.
Se compararmos com os outros países da OCDE, vemos que Portugal é o segundo país (a seguir à Espanha) onde a percentagem de trabalhos temporários é a mais alta de toda a OCDE, aliás como podemos ver no gráfico abaixo, que nos dá a percentagem de jovens com trabalho dependente que têm empregos temporários (o gráfico foi retirado do relatório da Espanha da OCDE recentemente publicado).
Por outras palavras, os chamados direitos adquiridos e de proteção no emprego não existem para uma grande percentagem dos nossos jovens, que conseguem apenas trabalhos precários ou temporais, com poucas perspectivas de se tornarem mais permanentes. Temos assim um mercado de trabalho muito desigual: muitos dos trabalhadores mais antigos beneficiam dos tais direitos adquiridos e de elevada proteção no emprego, enquanto muitos dos nossos trabalhadores mais jovens não conseguem obter vínculos laborais mais estáveis e duradouros.
A insaciável tentação de controlar
Episódio dois
Há decisões que deixam rastos de milhões e que continuam a produzir efeitos 16 anos depois de tomadas. Em julho de 2005, quatro meses após tomar posse como ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha demite-se através de uma carta, encontrada nas buscas à casa de José Sócrates, alegando uma “pressão sistemática” do primeiro-ministro para substituir a administração da Caixa Geral de Depósitos. Em 2019, 14 anos passados, o ex-ministro revela numa comissão de inquérito, que lhe eram “sugeridos os nomes de Carlos Santos Ferreira e de Armando Vara” para a nova administração do banco. Teixeira dos Santos havia de os nomear assim que entrasse nas Finanças, assumindo mais tarde não só a total responsabilidade pela escolha dos nomes, como garantindo que Sócrates até lhe fez um “reparo” pelo “ruído mediático” que “politicamente” ia gerar a escolha de Vara. Esse ruído continua a ouvir-se até hoje. Nessa época, a Caixa perdeu mais de mil milhões em projetos prioritários do Governo (só o ano de 2007 representa 40% das imparidades) e alavancou um empresário chamado Joe Berardo com centenas de milhões de euros em créditos, que também tinha em Sócrates um aliado: criou-lhe uma Fundação e cedeu-lhe o CCB para a coleção de arte moderna. A CGD financiou Berardo (e outros) para comprar ações do BCP no âmbito da luta pelo poder no Millennium, e a fação que ganhou a guerra escolheu os mesmos Santos Ferreira e Vara, para a nova administração. Arrependimentos “guardo-os comigo” diria Teixeira dos Santos na última comissão parlamentar de inquérito à Caixa.
A CORRUPÇÃO NÃO TEM BARREIRAS NEM LIMITES EM PORTUGAL