Promiscuidade dos autarcas... Rodando o poleiro entre família e amigos
O Autarca.
Senhor de Lisboa e Algarves, Senhor do Minho e Beiras, Estremadura, Alentejo e Ribatejo, Conquistador Saltimbanco de Regiões em geral:
"1) O autarca faz três anos em Lisboa, três em Oeiras, três em Cascais e volta à casa partida (ainda tem a hipótese de Mafra e Loures, sem sair da margem Norte). Leva com ele a equipa, os fornecedores, os vereadores com pelouros específicos, os construtores civis... é uma alegria!
2) O autarca associa-se a um vizinho (Porto e Gaia, por exemplo) e trocam ao fim de nove anos. Esta é uma estratégia de partilha. Tudo é partilhado e como ambos trocam, podem partilhar também os eventuais ganhos.
3) O autarca é peripatético e obsessivo. Dá menos segurança, mas tem um certo charme ser sucessivamente presidente de Viana, Viseu, Vila Real, Vouzela e Vagos. A colecção de autarquias com a mesma inicial pode até ser valiosa.
4) O autarca é lapa. Está sempre na mesma autarquia, mas ao fim de nove anos passa para a Assembleia Municipal, onde faz mais nove anos até voltar à presidência.
5) O autarca é persistente. Quando estiver a completar três mandatos consegue que o Parlamento aprove uma lei complicada com a qual fica mais três mandatos."
6) O autarca acha que os outros são estúpidos. Candidata-se como vereador e põe um familiar a candidatar-se a presidente. fonte
Fernando Seara, um exemplo, candidato por Lisboa, a maior e mais mediática Câmara do país. Gente que é autarca num Concelho e vai concorrer a outro, não por ter mudado de residência, muitas vezes nem residindo em nenhum deles, mas por interesses partidários e eleitorais.
O correcto era as autarquias serem a representação dos cidadãos nas suas terras e a sua forma mais democrática de participação activa. Mas a guerra partidária é a guerra partidária e tudo isso é esquecido em seu nome.
Para as maiores Câmaras não interessa se o candidato escolhido reside nessa terra, não interessa sequer se alguma vez por lá passou, ou se conhece algum dos seus problemas, o que interessa é o efeito mediático e a tentativa de ganhar a Câmara a qualquer custo, muito dinheiro e poder em jogo.
Inventa-se uma morada para o candidato no Conselho e está feito. É melhor que os outros para justificar mais esta aposta em mais uma vigarice facilmente tornada legal pela simples mudança de casa? Provavelmente não, mas como é ou foi, já nem sei, comentador desportivo numa televisão, é do Benfica que tem muitos adeptos, passa a ser um bom candidato. Esta é a politica que temos e a democracia que nos oferecem.
Mas, como disse o mesmo se passa um pouco por todo o país e só assim se justifica a confusão colocada com nova lei de limitação de mandatos, em que uns dizem que se o for num outro Conselho essa limitação não existe. São autarcas profissionais? Não deveriam representar a sua terra? Como é possível irem concorrer para outro lado?
Defendo que necessitamos urgentemente de mais democracia e de uma democracia mais directa e participativa. Uma democracia verdadeira em que os cidadãos tenham a palavra e o poder de decidir sobre o seu futuro. O que se passa com as autárquicas é a prova de que isso é urgente e necessário. Vivemos uma democracia de mentira de embustes e de golpes partidários, tão grave a nível da vida do país como da mais pequena autarquia.
"Observar nem que seja por uma semana este país, que tantos consideram estar mais próximo dos parâmetros de uma república sul-americana do que de uma nação europeia, pode tornar-se um exercício deprimente.
Estes dias foram pródigos em exemplos. Confirmamos que temos uma lei de limitação de mandatos autárquicos que, na prática, limita muito pouco.
Percebemos que basta que o autarca profissional defina, ao sabor das suas circunstâncias e da política do momento, a autarquia que pretende dirigir e assim, seja essa a vontade dos eleitores, seguir em frente. Passados os três mandatos consecutivos que a lei hipocritamente impõe, a solução é concorrer à câmara ao lado (ou a seiscentos quilómetros, não importa) antes de regressar à de origem. Um absurdo que os candidatos aproveitaram legitimamente e que o Tribunal Constitucional dificilmente poderia impedir.
Então, onde está o problema? Na lei, seguramente. Mas, sobretudo, na prática impostora dos partidos que pretenderam alimentar a sua equívoca dualidade interpretativa a ter coragem de a clarificar no Parlamento". (...) fonte
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ResponderEliminarConheci o interior do país antes do 25 de Abril de 1974.
Era pouco mais do que pobre. Faltava quase todas as infraestruturas, a fome era o limite mínimo que fazia as pessoas emigrarem ou continuar a sofrer cá, as atitudes típicas da ditadura para com o interior: a ameaça e o desinteresse.
Na fuga ao fantasma da ditadura, os autarcas deram às suas populações todas as modernas utilidades. Isto, até cerca de 1995.
Depois, vieram os autarcas optaram por ornamentos dispendiosos, para ganhar eleições: Piscinas, gimnodespotivos, postos médicos (sem médicos), hospitais (sem pessoal), jardins, rotundas enfim, tudo o que a sua imaginação conseguia produzir.
Esqueceram-se de atrair o EMPREGO, única forma de fixar populações em quaqlquer parte do mundo...
Hoje o DN escreve na 1ª página: Dívida das autarquias é de 21 MILHÕES de euros POR DIA
Sabendo que a dívida nacional é de 48 MILHÕES/DIA, é mais fácil perceber a quem cabe metade do crime...!
Obrigado pelo seu contributo, uma constatação pertinente e muito útil.
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