Quando os jornalistas, medrosos, respeitavam os criminosos
Encontrei este artigo, bastante interessante, mas ao qual gostaria de acrescentar um comentário, especificamente ao seguinte paragrafo:
"Não sei se foi a crise, o tempo ou a simples ganância que nos ajudaram a revelar o que todos hoje sabemos. Talvez os banqueiros se tenham tornado mais desleixados ou as autoridades e os jornalistas mais eficazes e competentes."
Não foi a crise, nem o tempo nem a ganancia, também não foram as autoridades ou os jornalistas que se tornaram mais competentes. O que fez com que hoje seja possível revelar tudo o que sabemos, que ainda é pouco e muito está por revelar, foi sim a internet que permitiu a livre circulação da informação. Foi a internet que passou a permitir que também os cidadãos e activistas, através dos blogs, do facebook, do youtube e outros sites pudessem expor o que todos sabiam mas ninguém queria contar. Foram esses factores que obrigaram os jornalistas a ter que competir com a verdade, a ter que fazer o seu trabalho e a explicar porque as coisas se passavam e como se passavam. As pessoas sabiam que as coisas aconteciam, mas a informação era escassa e camuflada com eufemismos, fragmentada e geralmente comunicada como comentário do politico A, B ou C. A investigação isenta e profunda era pura e simplesmente nula. Os jornalistas deixaram de poder continuar calados e à sombra da inércia, perante o risco de perderem definitivamente leitores e credibilidade.
Quando por todo o lado, os poderosos (da politica, da economia e da finança) nos bombardeavam com crimes financeiros, despesismo público, escândalos de favores políticos, promiscuidades, injustiça e contratos públicos ruinosos, os jornalistas abordavam os assunto muito timidamente muitas vezes fazendo com que tudo parecesse nada mais que um pequeno imprevisto, um acidente de percurso, um acontecimento aceitável e comum da vida do país ou um acaso. As descrições e os dados eram fornecidos de forma vaga e sem relevo. Acerca do paraíso da politica e da finança, o palco onde se cometiam os maiores crimes contra o país, os jornalistas teimavam em manter as palavras crime, corrupção, fraude, nepotismo, etc etc como tabus.
A Internet e as tecnologias móveis, são uma nova forma de intervenção cívica, acelerada pelo espaço público virtual e pelas redes sociais, e está a germinar e a emergir progressivamente e com isso a reconfigurar a informação e a própria democracia.
O número de cidadãos que se preocupam com a cidadania e exigem conhecer a realidade nacional crescem e autonomizam-se, tornam-se mais exigentes e próximos da realidade e o jornalismo teve de acompanhar e reinventar-se numa lógica de sobrevivência.
"Os intocáveis
Durante muito tempo foram protegidos por uma espécie de escudo invisível que os tornava quase intocáveis. Comportavam-se como reis e eram temidos por todos, incluindo o poder político. Sabiam que por eles passava também a sobrevivência de muitos jornais, rádios e televisões e por isso não temiam nada nem ninguém. Ironicamente acabaram por ser vítimas deles próprios e estão agora em quase todas as primeiras páginas.
Foi sempre o segredo mais mal guardado mas que poucos ousavam revelar. Mais do que os políticos e os governos, foi o poder económico e financeiro o que mais tentou condicionar a informação nas últimas décadas.
Alguns jornalistas deixaram mesmo de marcar entrevistas com os banqueiros. Eram estes que escolhiam a altura, os media e muitas vezes as condições em que queriam falar. Dificilmente se viu durante anos nos jornais ou na televisões uma investigação profunda sobre os problemas ou escândalos dos grandes grupos financeiros e económicos. Na teoria não havia nenhuma regra que o proibisse ou diretores que o impedissem, mas na prática estes assuntos ficavam muitas vezes arredados dos principais alinhamentos noticiosos. Criou-se pouco a pouco uma perigosa autocensura que afastou muitos jornais dos escândalos do mundo da alta finança e dos grandes negócios. Com as habituais honrosas exceções estava muitas vezes implícito que não se podia arriscar perder contratos de publicidade ou mesmo o financiamento das próprias empresas de comunicação social.
Nesta matéria não há inocentes. Se alguns jornalistas evitavam esta verdade inconveniente, a justiça também não lhe ficou atrás. A justificação dada era quase sempre a impotência perante o poder do dinheiro que comprava os melhores advogados e as melhores agências de comunicação. Conheciam-se os casos que deveriam ser denunciados, mas o mais difícil, diziam, era provar.
O poder político, em especial as oposições, também ajudaram a perpetuar esta situação. Quando não tinham a cobertura jornalística que desejavam, lá iniciavam mais uma batalha com denúncias panfletárias para dizerem que os governos estavam a controlar os media. E enquanto faziam isto, não se apercebiam de que estavam a desviar as atenções dos que efetivamente tentavam controlar a informação.
Em Portugal, a queda e a perda de poder e influência do BCP, os escândalos do BPP e do BPN, e agora a luta palaciana do BES, vieram apenas mostrar e revelar tudo o que há anos se falava em surdina. Um poder que cresceu de forma desmesurada em Portugal porque a economia ou a falta dela deixou o país literalmente nas mãos de quem o financiava.
Não sei se foi a crise, o tempo ou a simples ganância que nos ajudaram a revelar o que todos hoje sabemos. Talvez os banqueiros se tenham tornado mais desleixados ou as autoridades e os jornalistas mais eficazes e competentes.
Investigar e denunciar hoje corrupções e fragilidades dos grandes grupos financeiros não nos torna mais fracos nem mais expostos ao capitalismo mundial. Antes pelo contrário, mostra que finalmente estamos a dar sinais de verdadeira democracia, com bancos mais sólidos e com os jornalistas a cumprir todos as suas funções... sem medo." João Adelino Faria/ Pivô e jornalista da RTP-
Alguns casos que comprovam a minha teoria
Vários vídeos de directos, são apagados dos canais de TV, quando revelam, por descuido do interlocutor, algo demasiado grave. Por sorte e graças ás novas tecnologias e a cidadãos atentos, gravam-se alguns desses vídeos, para canais livres, antes de serem apagados pelas TV´s.
Este foi um dos casos, Relvas e Passos Coelho compinchas na corrupção.
Este foi um outro caso, o da confissão de Camarate, apagado.
Assim como este que continha imagens em que os políticos faziam comentários que mostravam desprezo pelos portugueses.
Ou ainda o caso de Fernando Leal da Costa, secretário de estado adjunto da saúde que teve umas saídas escandalosas e ofensivas, o video foi apagado e a única cópia foi denunciada e censurada, como podem ver neste link.
Para pessoas como eu que pesquisam vídeos e escândalos de corrupção, para os compilar e interligar, fica bem visível a quantidade de vídeos e links de noticias que eles apagam. Pois sempre que vou procurar alguma coisa que vi e preciso para uma nova compilação relacionada, descubro que o canal de TV ou o jornal já apagou o artigo ou o video.
Tento passar os que posso, para o meu canal de youtube, o tempo e os recursos que disponho são escassos, e certamente o resultado do meu esforço não vai durar muitos anos, este canal em breve será censurado. Comecei a fazer vídeos com regularidade apenas em 2013, por isso vamos lá ver quanto tempo vai durar.
O próprio site do governo com as despesas dos contratos, é de difícil consulta e de difícil cópia, e frequentemente alteram os links, ou apagam despesas, recorro por isso, com frequência a prints, (foto do site) para evitar ficar sem as fontes do que denuncio.
Estes são apenas alguns exemplos de como o jornalismo continua a vergar-se perante o poder de quem lhe paga, mas os exemplos são muitos mais. Infelizmente as pessoas é que não fazem ideia da quantidade de noticias e links que são apagados. Eu noto, porque ao colocar aqui no blog as fontes de artigos antigos, por vezes preciso consultar a fonte e já foi apagado o original. Contudo o cidadão comum dificilmente repara nisso.
O crime das PPP e os eufemismos dos jornalistas
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Cara Zita, este mau jornalismo continua a existir, o jornalismo do espetáculo, da diversão e da censura. Sim há informação que passa como noticias, mas que na verdade é publicidade, é diversão. Os noticiários das TVs já não são programas de informação útil, de noticias, mas sim de diversão, "A civilização do espetáculo" no seu melhor. O frequente anúncio de festivais nas noticias dos media é um exemplo de publicidade disfarçada de noticias. Mas as TVs vivem de audiências, não adianta "tapar o Sol com a peneira", este povo que gosta muito de futebol, de circo e por isso é um dos grandes culpados. Alguns dos que parecem não ter medo, não praticar a censura, na verdade usam dois pesos e duas medidas conforme os interesses, é muito fácil tirar-lhes a máscara. É gente que quando não tem argumentos foge, este tipo de gente tem um nome. Os piores não são os criminosos, são os outros! O que mais me preocupa é o silencio dos bons. Este país parece um circo!
ResponderEliminarPROCURA-SE JORNALISTA E ADVOGADO - DE DIREITO E DE FATO, À SÉRIO! - A intenção é separar o joio do trigo e "Salvar Portugal" de seus atuais "Advogados e Jornalistas" joio.
ResponderEliminarO modelo para esta ação é realizar uma Grande Reportagem e entrevistar os citados profissionais “topo de gama” e, também os zés-ninguém pois, como dizia Hannah Arendt - "O maior mal do mundo é o mal cometido por zés-ninguém" - Portanto, estou à disposição para narrar, gratuitamente, minha experiência, desde 1-1-1992, em Portugal - com os citados "cromos".
Esta reportagem será realizada com base em fatos reais, retirados de alguns Tribunais Portugueses. - São verdadeiras “Peças Processuais” caricatas e dignas de estar em qualquer "Museu do Absurdo", pois, estes Fatos (Factos) remontam ao tempo do Rei D. Dinis (1297) e que, ainda acontece nos dias de hoje em Portugal.
O material que possuo está em suporte de texto, áudio e vídeo e narra como "funciona" o referido país, com destaque à área da Justiça, representada pelos seus três grandes profissionais - o Juiz, o Advogado e o Jornalista - https://www.youtube.com/watch?v=z1pU0MvsucE