É talvez altura de nos curarmos de vez do socratismo.
Durante muitos anos muita gente não quis ver, não quis ouvir, não quis ler, recusou tomar conhecimento. Sócrates estava acima disso. Sócrates não tolerava dúvidas. Mas é altura de aceitar a realidade.
Uma parte do país – e um contingente notável de comentadores – parecem continuar em estado de negação. Durante anos não quiseram ver, não quiseram ouvir, não quiseram admitir que havia no comportamento de José Sócrates ministro e de José Sócrates primeiro-ministro demasiados “casos”. Em vez disso só viram cabalas, só falaram em perseguições, só trataram eles mesmo de ostracizar ou mesmo perseguir os que se obstinavam em querer respostas, os que insistiam em não ignorar o óbvio, isto é, que Sócrates não tinha forma de justificar os gastos associados ao seu estilo de vida.
Agora, que finalmente a Justiça se moveu, eles continuam firmes na sua devoção – e nas suas cadeiras nos estúdios de televisão. Não lhes interessa conhecer o que se vai sabendo sobre os esquemas que Sócrates utilizaria para fazer circular o dinheiro, apenas lhes interessa que parte do que foi divulgado pelos jornais devia estar em segredo de Justiça. Antes, anos a fio, quando não havia segredo de justiça para invocar, desvalorizaram sempre todas as investigações jornalísticas que tinham por centro José Sócrates.
Isto é doentio e revela até que ponto o país ainda não se libertou da carapaça que caiu sobre ele nos anos em que o ex-primeiro-ministro punha e dispunha.
Nessa altura também muitos, quase todos, se recusavam a ver, ouvir ou ler, até a tomar conhecimento. Não me esqueço, não me posso esquecer que quando o Público, de que eu era director, revelou pela primeira vez a história da licenciatura, seguiu-se uma semana de pesado silêncio que só foi quebrada quando o Expresso, então dirigido por Henrique Monteiro, resistiu às pressões do próprio Sócrates e repegou na história e denunciou as pressões. Não me esqueço que tivemos uma Entidade Reguladora da Comunicação Social que fez um inquérito e concluiu que o silêncio de toda a comunicação num caso de evidente interesse público não resultara de qualquer pressão – a mesma ERC que depois condenaria a TVI por estar a investigar o caso Freeport. Como não me esqueço de como uma comissão parlamentar chegou mais tarde à mesma conclusão, tal como não me esqueço de como vi gestores de grandes empresas deporem com medo do que diziam.
Muitos dos que agora rasgam as vestes porque o antigo primeiro-ministro foi detido no aeroporto foram os mesmos que nunca quiseram admitir que havia um problema com Sócrates, com os seus casos, com o seu comportamento, com o seu autoritarismo. E também com o seu estilo de vida.
Há momentos que chegam a ser patéticos. Como é possível, por exemplo, que um homem supostamente inteligente, como Pinto Monteiro, queira que nós acreditemos que foi convidado por José Sócrates para um almoço, de um dia para o outro, numa altura em que o cerco se apertava, e que, naquele que terá sido o seu primeiro almoço a sós, só falaram de livros e viagens, como se fossem dois velhos amigos? Como é possível que continue a defender a decisão absurda sobre a destruição das escutas? Ou a achar que nada mais podia ter sido feito na investigação do caso Freeport?
Mas há também um lado doentio e provinciano na forma como se tem comentado este caso. Uma das raras pessoas que detectou essa anormalidade foi Nuno Garoupa, professor catedrático de Direito nos Estados Unidos e que, por ter respirado ares mais arejados, não teve dúvidas, notando que “nós é que vivemos num mundo mediático”, não é a Justiça que cria o circo, como se repetiuad nauseam nas televisões. Mais: “A opinião pública pode e deve fazer um julgamento político, independentemente do julgamento legal e judicial. A política e a justiça não são a mesma coisa.” Ou seja, deixem-se da hipocrisia do “inocente até prova em contrário”, pois isso é verdade nos tribunais mas não é verdade quando temos de julgar politicamente alguém como José Sócrates. O julgamento político, como ele sublinha, não está sujeito aos mesmos critérios do julgamento penal.
A clareza do debate político exige pois que saibamos fazer distinções. A distinção que António Costa fez logo na madrugada de sábado, quando disse que “os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a acção política do PS”, é justa e mantém toda a sua pertinência. Se o PS tem conseguido manter a frieza – quase todo o PS, pois são raras e muito pontuais as excepções –, é importante para esse mesmo PS ir mais longe. E tocar um ponto nevrálgico: aquilo que nós, cá fora, sabíamos sobre as excentricidades e as práticas de José Sócrates dão-nos apenas uma pequena amostra do que se sabia em muitos círculos do PS. Sabia, mas não se comentava, mal se sussurrava.
Vou mais longe: nos partidos estas coisas são conhecidas. Pelo menos no PSD e no CDS, para além do PS. Ninguém ficou surpreendido quando a Justiça caiu sobre Duarte Lima – todos os seus companheiros de bancada conheciam as suas excentricidades. Pior: muitos ainda hoje comentam como a Justiça ainda não apanhou alguns antigos secretários-gerais, aqueles que tratavam das contas e apareceram ricos de um dia para o outro. Pior ainda: nos bastidores dos partidos as histórias de autarcas, em particular de alguns dinossauros, são infindáveis. E há longínquas férias na neve de dirigentes partidários que incomodam os seus correligionários sem que nada aconteça para além de um comentário fugaz.
Vamos ser claros, deixando a hipocrisia do respeitinho de lado. A dúvida que havia sobre José Sócrates era sobre se seria algum dia apanhado. A percepção que corroía a confiança nas instituições não era sobre se os seus direitos humanos poderiam vir a ser negados (a sugestiva preocupação de Alberto João Jardim), mas sim sobre se algum dia um aparelho judicial que, anos a fio, pareceu amestrado seria capaz de apanhar alguns dos fios das muitas meadas tecidas pelo antigo primeiro-ministro.
Escrevi-o muitas vezes e vou repeti-lo: José Sócrates foi a pior coisa que aconteceu na democracia portuguesa nos últimos 40 anos, e não o digo por causa da bancarrota. Digo-o por causa da forma como exerceu o poder, esperando fazê-lo de forma absoluta, sem contestação, sem obstáculos, sem críticos. Não os tolerava no PS, no Governo, nos jornais, nos bancos, nas grandes empresas do regime.
Não sou a primeira pessoa a descrever assim José Sócrates. Nem essa descrição é recente. Recordo apenas um texto de António Barreto, de Janeiro de 2008 (há quase sete anos, bem antes da bancarrota), onde se escrevia que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”. Lembram-se? Eu não o esqueci.
O que distingue o socratismo não é uma visão da forma de ser socialista, é uma visão schmittiana de exercício do poder. Compreendo que o seu estilo de líder forte possa ter fascinado quem cavalgou a onda, mas é bom que hoje olhem para o elixir que provaram e que os inebriou, e percebam que era um veneno. Ou seja: acordem para a realidade. Depois do que se passou nos últimos dias, do que já sabemos sobre os contornos do processo e das acusações, do que imaginamos mas ainda não sabemos, a pergunta que muitos têm de intimamente fazer é “como foi possível?”, “como é que acreditei?”. Porque se não forem por esse caminho o seu único refúgio acabará por ser uma qualquer teoria da conspiração como a imaginada pelo insubstituível MRPP.
Ao contrário do que se repetiu à exaustão, o carácter não é um detalhe em política. E se ninguém deve apagar rostos em fotografias, à la Stalin, também é preciso de olhar de frente para o que, no passado, recomenda que se exorcizem fantasmas, demónios, maus hábitos e práticas não recomendáveis. José Manuel Fernandes
Privatizações que Sócrates assinou com a Troika
Aldrabices de Sócrates para esconder défice. Engenheiro financeiro.
Sócrates mente a Portugal inteiro, para avançar barragens ruinosas?
Sócrates investigado pela UE, por favorecer EDP e lesar o país.
Mexia, o milionário malabarista do loby EDP, sai caro.
Incrível! Tio de Sócrates envolvido em negócios do estado mafiosos
AS MENTIRAS DE SÓCRATES NA PARQUE ESCOLAR
SIRESP: 485 milhões em PPP de Costa e Sócrates, 6 vezes mais cara
BARRAGENS - 16 mil milhões para produzir zero energia??
VISUALIZADO Maçonaria comanda o PS. Henrique Neto explica como.
Sócrates o maior mentiroso de Portugal.Apanha-se mais depressa que um coxo.
CORRUPÇÃO: Quer ganhar 10 milhões em minutos? Veja aqui como.
PORTUGAL, país mais corrompido do mundo, em 10 anos.
Não há corrupção em Portugal? Ou não há justiça?
Banco de Portugal e PS desmascarados, fracassos nos crimes no BPN?
Há escolas que são armadilhas mortais. Parque escolar
Portugal é um farwest, comentado pelos fora da lei (comentadores políticos)?
Contratos criminosos, que governos assinaram contra Portugal.
Barragens, Paga e cala o loby da EDP
Compilação dos crimes das PPP e da impunidade descarada.
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Sócrates rebentou com Portugal, a mando do seu mentor.
Sócrates e o caso do Inglês técnico. Sempre em sarilhos?
Rendimentos e gastos de Sócrates. Perseguição a quem o investigava.
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600 milhões por PPP que não funciona? Sócrates, Costa, Santana e o SIRESP
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Prisão de Sócrates, por Paulo M. e Marinho Pinto
Mentiras de Sócrates sobre desemprego, deficit, resgate e contas bancárias
Escutas “Tou-me cagando para o segredo de Justiça” Casa Pia
Sócrates escondeu anexos ao TC, lesando o país em milhões de euros
Quem fez as PPP é corrupto, nem precisa de buscas, basta ler o DR
Sócrates campeão do mundo das PPP, empenhou o país
Sócrates ou é alucinado ou corrupto, e protector da máfia BPN.
Sócrates chorava e insultava jornalistas para não o denunciarem.
Sócrates fez as rendas das PPP de forma a subirem depois de ele sair do governo
Sócrates quer travar a justiça, não inocentar-se
Justiça está a trabalhar porque o povo está a acordar (Paulo Morais)
Sócrates deu "gorjeta"de 900 milhões de € a donos das PPP´s
Não vou falar de Sócrates, mas sim dos políticos em geral porque salvo uma ou outra rara exceção são todos uns vigaristas e cúmplices uns dos outros. Votar sim mas nos partidos que nunca governaram para acabar ou, pelo menos, fragilizar esta máfia que se instalou no país e que tem na Assembleia da Republica o seu centro de negócios. O Sócrates já está preso e desejo que pague pelos crimes praticados, mas tenho muito receio que ainda nos venham a agravar mais a carga fiscal para lhe pagar uma indeminização, precisamente pelas cumplicidades existentes entre o poder politico e a justiça o que de acordo com o meu pensamento se deveria chamar de corrupção. Votar sim, mas nos partidos que nunca governaram.
ResponderEliminarMas falo eu... o homem ainda andava lá pelas Beiras e já ganhava "por fora", os tais projectos das casas, gente que nem sabia que era o INJINHERO, nem nuca o viram nas obras das suas casas (tipico deste País) para mim e citando alguém da O.E. que pertence ao I.S.T. (uma das melhores Faculdades de Engenharia), este senhor, NÃO é Engenheiro, e essa avaliação está correcta ! Não conheço nem nunca conheci ninguém que tire um curso superior ao Domingo, muito menos Engenharia ! Mas sei de alguns políticos que estudaram assim.... e ficamos por aqui ! Somos governados por gente sem o mínimo de conhecimento, sendo assessorados por gente de credibilídade e provas dadas nas assessorias que prestam, pelo menos dúvidosas ! Mais tarde "descobrimos" que se enganaram aqui ou ali. Voltando ao Sócrates, eu "adorava" ouvir o homem, falar de ambiente, e ele também, pois transcendia-se, ele falava tanto, tanto que acreditava piamente nas mentiras dele mesmo ! Já agora alguém pode explicar (eu sei porque), porque fizeram a alteração do C.P. sobre o ônus da prova sobre enriquecimento e proveniência de dinheiro ou bens ? Pois é, assim como as 2 leis de repatriamento de capitais, criadas pelo próprio "INJINHERO", a coisa até foi bem estudada, o imprevisto é que não era para acontecer, muito menos agora. Andam-se a preparar as hostes para "libertar" o homem de vez e correr com quem ousou enfrentar o "beirão" !
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