Falta de transparência, de competência e previdência na energia sai caro ao país

Se os Portugueses aplicassem metade, apenas metade, do tempo, dinheiro e energias, desperdiçados no Futebol...em Portugal, nos seus problemas, nas suas necessidades e nas suas realidades... Pergunto-me...
Onde estaria Portugal?
Mais...
Para onde teriam sido atirados, já, Costa-"què-frô" e a sua matilha de cabritas & galambes amestrados?
Um País é, também, aquilo que o seu Povo permite que seja...
Não é este Portugal que desejo e anseio para as minhas Gentes.

Falta de previdência na energia

Só o Governo português, ao fechar as centrais a carvão, parece querer sacrificar imprudentemente a nossa economia para limpar um grão de areia do planeta, enquanto os donos da praia a mantêm suja.

 

 O mundo está preocupado com as consequências do custo imparável da energia para as famílias e as empresas. O preço médio da eletricidade durante 2021 disparou de 40 euros para mais de 200 euros por MWh (https://www.omie.es/pt/). Para reduzir esse avanço exponencial dos preços de energia em 2022 a maioria dos países, exceto Portugal, adiou o encerramento das centrais de carvão porque estas são ainda a principal fonte para produzir eletricidade barata, até as renováveis terem preços comportáveis.

Em vez deste aumento do nível do preço de energia em 500%, que poderá ainda ser mais trágico no próximo ano, Portugal, algo alienado, está obcecado com o aumento de dois milímetros por ano do nível do mar que poderá causar outro dilúvio, mas só em 2100 de, no máximo, 50 cm de água em zonas baixas, por causas das emissões de carbono, em parte causadas pelo carvão. Deveríamos, como os outros países, primeiro prevenir a tragédia de 2022. Até 2100 há tempo e necessidade para outras cautelas. 

No entanto, para evitar o possível dilúvio de 2100, em 2021 Portugal foi dos poucos países que fecharam já todas as suas centrais a carvão para a produção de eletricidade a preços razoáveis. Isto enquanto a Alemanha, por exemplo, mantém 84 dessas centrais no ativo, muitas até 2038. A maioria dos parceiros económicos de Portugal, da Espanha aos EUA, reverteram antigas decisões de fechar tais centrais.

Segundo o Worldometers, a Alemanha é o sexto país mais poluidor do mundo, emitindo 2,17% das emissões de dióxido de carbono mundiais. Faz assim mais 1500% de poluição que Portugal que emite apenas 0,14% das emissões globais de CO2. Mesmo per capita os alemães poluem mais do dobro que nós. Cada alemão é responsável por quase 10 toneladas de emissões de carbono enquanto cada português fica-se apenas pela casa das 4 toneladas. Havia mesmo necessidade para sermos dos primeiros a fechar as centrais a carvão? Neste artigo argumentamos que os nossos governantes não foram previdentes em comparação com o cuidado demonstrado pelos dirigentes alemães, entre outros.

A previdência é a capacidade de ver antecipadamente e a ação de prevenção resultante dessa visão estratégica. Os seus sinónimos são previsão, cautela e prudência. Esta última é uma das virtudes cardinais da nossa cultura greco-romana e judaico-cristã, enaltecida desde Aristóteles. Um dos estadistas que mais melhoraram a economia da França foi Richelieu, apesar de aparecer como vilão em romances de mosqueteiros, porque combateu o poder da nobreza que desperdiçava o erário público. Este, no seu testamento político, afirma que “a previdência é a qualidade mais importante para bem governar, porque através do seu uso podemos facilmente prever muitos males que, se não forem corrigidos antes de se iniciarem, depois de se concretizarem serão muito difíceis de resolver.” Por isso, “é crucial ter um plano para o futuro e não tomar decisões precipitadas no presente.” Os antónimos desta prudência são imprudência, precipitação e negligência.

Neste contexto, parece evidente a falta de previdência e a pressa imprudente com que o Governo português fechou este ano as duas centrais a carvão bastante modernas e capazes de funcionar de forma limpa pelo menos até 2030 que tínhamos. Sines a 15 de Janeiro e o Pego a 21 de novembro, já depois do Parlamento dissolvido, com o Governo ainda com menos autoridade para tamanha precipitação.

A central de Sines era relativamente limpa, pois tinha sido requalificada

recentemente e já originalmente tinha substituído as centrais mais poluidoras de fuelóleo, de Setúbal e do Carregado. A EDP ainda em 2017 dizia que tinha investido em Sines mais de 300 milhões de euros para equipar a central “com a melhor tecnologia disponível no controlo de emissões até pelo menos dezembro 2030.”

Prova de que Sines estava suficientemente modernizada ambientalmente para durar pelo menos mais uma década, os já referidos alemães construíram recentemente ainda mais centrais a carvão de tecnologia idêntica a Sines. Os franceses também mantêm várias centrais a carvão idênticas ativas.

Quanto à central a carvão do Pego, era a mais moderna da Península Ibérica e cumpridora das diretivas de limitação de emissões europeias. O fecho da central a carvão do Pego vai já causar várias centenas de desempregados diretos e indiretos, numa zona sem alternativas como a de Abrantes. Reveladoramente, a própria EDP, forçada pelo Governo de Espanha que, como nação, emite 0,70% das emissões mundiais de CO2, 500% mais que Portugal, não vai fechar no país vizinho as suas centrais.

Aliás, não são só os outros europeus que são muito mais poluidores que os portugueses, mas não fecham centrais a carvão apressadamente. A maioria dos países polui mais do que nós. Contra as cerca de 4 toneladas de CO2 por português cada americano é responsável por quase 16 toneladas, 400% a mais que cada português. Cada russo por quase 12 toneladas. 300% a mais que cada português. A China, o país mais poluidor do mundo, com 29,18 % das emissões mundiais de CO2, 21000% mais do que Portugal, deixou claro na recente conferência das nações unidas sobre alterações climáticas (Cop26) que não quer acabar com as centrais a carvão, mas simplesmente baixar o número gradualmente.

Só o Governo português parece querer sacrificar imprudentemente a nossa economia para limpar um grão de areia do planeta, enquanto os donos da praia a mantêm suja. Os previsíveis males futuros desta falta de previdência sui generis do nosso Governo, que depois serão muito difíceis de resolver, além dos preços ainda mais altos de energia cá, serão os apagões energéticos se nenhum país que tenha eletricidade produzida a carvão nos quiser fornecê-la em períodos de falta para eles e para nós de energia eólica, solar, hidráulica ou de gás natural (cada vez mais caro) suficientes para produzir energia elétrica.

Concluímos assim que os portugueses, apesar de não poluírem quase nada o mundo, farão um dos sacrifícios mais altos do mundo para limpar o planeta: vão pagar já eletricidade muito mais cara vinda só de renováveis e estarão sujeitos a apagões, pois não houve o cuidado de ficarmos com carvão nacional para emergências e para contenção dos preços de eletricidade. Este sacrifício, além de fútil, dado que não poluímos significativamente o planeta, pode resultar num dilúvio de consequências trágicas imediatas para os portugueses como falências de empresas e consequentes milhares de desempregados e pobreza das famílias.

Não teremos a oportunidade de resolver criativa e bem pensadamente o possível dilúvio na Baixa de Lisboa em 2100, se nos afundarmos já em 2022 na destruição trágica da nossa economia. Os nossos governantes deviam ter a humildade de aprender com os países bem-sucedidos, reconhecendo o erro imprudente e revertendo a decisão de fechar as centrais a carvão.

2 comentários:

  1. Olá Maria,
    Obrigada por por a lume todos estes interesses desumanos, inéticos e absurdos.
    Como posso contactar por mensagem privada?
    Bem haja,
    CristinaNunes

    ResponderEliminar

Olá caro leitor, obrigada por comentar... sei que apetece insultar os corruptos, mas não é permitido. Já não podemos odiar quem nos apetece... (enfim) Insultem, mas com suavidade.
Incentivos ao ódio, à violência, ao racismo, etc serão apagados, pois o Google não permite.