Os Venezuelanos anteciparam o Natal, Passos Coelho prolonga a Quaresma. Anos de privações.


O presidente da Venezuela antecipou o Natal para Novembro e a notícia foi recebida aqui com uma certa superioridade gozona. 
Portugal, que é um pequeno e pobre país africano, às vezes comporta-se como se
pertencesse à Europa rica.
Vai uma distância assim tão grande entre as loucuras do governo venezuelano e as do nosso? Vou buscar a fita métrica e já voltamos a falar.
O governo da Venezuela é dirigido por Nicolás Maduro; o governo de Portugal está, ao mesmo tempo, podre e verde. Dos três estádios de evolução da fruta, calharam-nos os dois que não interessam. Uns ministros estão a cair de podres, outros estão verdes para o cargo, e Rui Machete está ambas as coisas: a cada declaração pública, revela ser ao mesmo tempo inexperiente e ultrapassado.
1-0 para Portugal.
Maduro veste-se com as cores da bandeira da Venezuela, envergando garrido um fato de treino que o habilita simultaneamente a governar o país e a treinar o Paços de Ferreira; Passos Coelho veste-se com as cores da bandeira portuguesa, envergando um pin. É patriotismo bacoco na mesma, mas ligeiramente mais discreto.
A Venezuela empata: 1-1.
Nicolás Maduro vê Hugo Chávez em todo o lado. Primeiro, ouviu a sua voz no canto de um passarinho, agora viu o seu rosto numas escavações do metro. Passos Coelho vê a retoma económica em todo o lado. A economia portuguesa está tão morta como Hugo Chávez, mas tanto o governo português como o venezuelano garantem que eles ainda vivem.
Julgo que é um empate: 2-2.
Na Venezuela, Maduro pediu ao parlamento para governar por decreto, isto é, dirigir o país sem precisar do aval da assembleia. Trata-se, diz ele, de fazer face a um período de guerra económica. Nenhum dirigente internacional minimamente prestigiado o apoia. Em Portugal, Passos Coelho quer governar à margem da constituição. O presidente da comissão europeia, Durão Barroso, concorda com ele. Ou seja, felizmente, também nenhum dirigente internacional minimamente prestigiado o apoia.
Novo empate, que coloca o resultado num renhido 3-3.
O presidente venezuelano resolveu antecipar o Natal, para proporcionar uma alegria ao povo; Passos Coelho decidiu prolongar a Quaresma, para proporcionar uma alegria à troika. 
Em vez de durar 40 dias, a nossa Quaresma promete durar 40 anos. Os venezuelanos têm dois meses de cânticos, festas familiares e trocas de presentes; nós temos quatro décadas de jejuns, penitências e sacrifícios.
Portugal recoloca-se em vantagem: 4-3.
Não sei bem de que é que estamos a rir.
RICARDO ARAÚJO PEREIRA em "Don't cry for me, Venezuela" 

O prolongamento dos sacrifícios.
Operação de troca de dívida foi "reestruturação a favor dos bancos", os portugueses perdem 1100 milhões de euros, com a "ajuda" do governo.
A operação de troca de dívida acrescenta 1100 milhões à fatura dos juros pagos pelos contribuintes. Na Assembleia da República, Mariana Mortágua disse que tal como nas PPP e nos swaps, "a forma do Governo resolver problemas é sempre a mesma: pagar mais aos bancos".



Um óptimo negócio para a banca, e um péssimo negócio para o estado. O governo apenas afastou um segundo resgate, que iria ser pedido em 2014, para 2018, mas favorecendo a banca e lesando o interesse nacional.
um governo que continua a não ter coragem de enfrentar a banca, e opta por ir contra os interesses do país e a da economia.



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