funcionarem de forma tão desajustada e injusta. E percebo que sem pensamento critico e sem coragem para fazer uso dele, seremos sempre menores e o que nos rodeia, reflecte essa menoridade.
E a fraca democracia que nos rodeia, é esse mesmo reflexo, de um eleitorado incapaz de fazer uso do seu entendimento.
Sobre um conceito de Kant e sobre a democracia, urge educar para a democracia funcionar. Estamos a perder a noção de cidadania e morre, assim, a democracia.
Não deveríamos permitir que as opiniões dos outros passem a ser as nossas, acriticamente, que as orientações dos outros nos orientem, que os "opinion makers" (marcelos rebelos de sousa, miguel sousa tavares, jorges coelhos, Sócrates, etc) nos manipulem apenas porque possuem acesso privilegiado aos meios de comunicação, isso não deveria ser, só por si, um sinal de credibilidade, nem deles nem do meio de comunicação que eles usam. Mas em sociedades acríticas parece que é.
No texto em baixo, Kant explica como, por preguiça e/ou cobardia, as pessoas se auto impedem de fazer funcionar a democracia e alcançar a maioridade, pois não insistem ou desistem da autonomia na criação do pensamento individual/ pessoal. Só as ovelhas seguem pastores. Mas a maioria das pessoas opta por essa postura, alguém.
"A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude!" ("atreva-se a conhecer")"
Em Portugal, os media em geral, inundam os portugueses com comentadores tendenciosos e servis partidários, a debitar subjectividades e a moldar opiniões, e milhões de portugueses são incapazes de perceber que se trata de meras "opiniões" com intuitos e alvos bem definidos, não factos.
E na incapacidade de pensar e discernir, os portugueses aceitam a opinião sem questionar, para muitos, as opiniões são factos. Ficam fãs ou fanáticos do emissor e a partir daí nada questionam. Foi assim que o Marcelo Rebelo de Sousa, o mais popular comentador de actualidade politica, ganhou milhões de fãs. Um
comentador politico, que num país minado de corrupção nunca referiu a corrupção ou a denunciou, mas é amado por quase todo o país, apesar de ter sido sempre um ilusionista e branqueador da verdade suja em que nos afundamos. Mantendo as vítimas do sistema, essencialmente os eleitores, anestesiados ao "apagar" dos seus comentários políticos, o caos corrupto que destrói todas as infraestruturas do país.
Por isso temos o país que temos, pejado de rebanhos acríticos, incapazes de saber exercer cidadania pois a cidadania é o julgamento que exige discernimento e critica, censura e avaliação pública, do desempenho dos partidos. E se as pessoas não sabem pensar por elas, pensam através das dicas dos manipuladores ao serviço dos partidos mais corruptos de Portugal, e que por isso dominam os media.
Em baixo cito um artigo interessante sobre a urgência de educar as pessoas visando uma democracia que funcione. Porque a democracia é o povo, se o povo é pouco funcional, ela também o será. Se o povo não sabe ser exigente e mostrar o que não quer e o que quer, através da democracia/ voto, ele não terá qualidade nem representação dos seus direitos mais básicos. Se não é crítico aceita como verdade o que lhe colocam à frente. Se não vota, não exerce justiça.
É preciso um eleitor de qualidade para se obter uma democracia de qualidade. Um eleitor exigente para que os que o representem se sintam impulsionados a corresponder às exigências.
""Um texto fundamental para compreender a democracia moderna.
Resposta à pergunta: que é o iluminismo? O opúsculo de Immanuel Kant datado de 1784, é um dos textos mais importantes para quem queira pensar sobre a complexa relação entre a democracia e a educação.De facto, Artur Morão, o tradutor que li, mesmo apontando algumas críticas que a passagem do tempo autoriza, reconhece que se trata de
"um dos mais contundentes apelos ao exercício autónomo da razão, à liberdade de pensamento (...) constitui ainda uma expressão sintomática de um momento fundamental na estruturação da consciência moderna (...) Propõe, de certo modo, um ideal imperativo e inatingível – precisamente a consecução da genuína e plena ilustração intelectual."
Se alguma finalidade a educação deve perseguir, com destaque para a educação escolar, é a formação do "entendimento", da "razão", que permite a escolha autónoma e responsável, o exercício do livre-arbítrio e cria as condições para o exercício da liberdade e da dignidade.
Logo ao princípio diz Kant nesse texto:
"A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.
A preguiça e a cobardia são as causas de os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio (naturaliter maiorennes) continuarem, todavia, de bom grado menores durante toda a vida; e também de a outros se tornar tão fácil assumir-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que em vez de mim tem consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (...) considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de bom grado tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de terem, primeiro, embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. ""
Por isso os portugueses se embriagam e devoram as ideias dos opinion makers, que debitam informação manipulada na tv e afins ... É difícil raciocinar, usar o entendimento autónomo, para compilar informação, organiza-la, e criar a nossa própria opinião e saber expô-la, ter também a coragem para o fazer. Não é para todos. É muito mais fácil ouvir outros, despejar o produto acabado, engoli-lo e já está, já sei o que pensar... Mais fácil do que procurar informação e desenhar a nossa opinião.
Apesar de tudo, ainda existem alguns, poucos que recusam engolir comida mastigada por outros, que procuram ser maiores. Apesar de saberem que é um esforço inglório e por vezes até ridicularizado, porque parece estranho, à vista da maioria, mas é um orgulho para o próprio pq só ele sabe o valor que isso tem, a conquista que isso foi e a lucidez que isso lhe dá quando o caos nos tenta engolir... E acima de tudo só as pessoas que atingem esta maioridade, podem alcançar a moralidade, porque só a maioridade nos permite ser conscientes e nós próprios e só assim podemos discernir entre o moral e imoral. Entre o admissível e o inadmissível.
Sem cidadania não pode existir democracia, estamos presos a este ciclo viciado de corrupção, graças a um eleitorado incapaz de fazer uso do seu entendimento autónomo. E a cidadania é a intervenção séria, activa e consciente, dos cidadãos. Saberem em quem e no que devem acreditar, e saberem quais as regras da democracia. Mais de 70% dos eleitores, por exemplo, não sabem o valor nem o significado do voto válido, do voto nulo ou branco, e muito menos da abstenção. Pois se o soubessem, não existiriam estatísticas a mostrar que apenas 30% vota
válido, que é o único voto que conta e muda alguma coisa.
Não existiriam eleitores fanáticos por partidos, em vez de leais seguidores da verdade, do bem comum e da qualidade. E seria finalmente quebrada esta ditadura dos partidos, pois as pessoas saberiam criticar/avaliar os maus executantes pelo seu passado, pelo seu cadastro e pelo seu desempenho e votariam em conformidade. E essa é uma falha que nos custa, há décadas, muitos milhões de impostos, muitos postos de trabalho, muita degradação das infraestruturas do país, empobrecimento, atraso, corrupção… etc
Tenho uma opinião muito mas muito radical. O povo que não vive agarrado à gamela politica e ou governamental, NÃO devia votar.
ResponderEliminarOs partidos tinham que resolver o problema entre eles. O País não ficava ingovernavel, ao contrário do que alguns apregoam. Mas a vergonha mundial porque passaria toda a classe politica, essa seria enorme e tudo seria diferente para o futuro.