A dívida portuguesa total – canibalização de um povo
"Pretende-se com este primeiro texto - entre vários que irão ser divulgados em breve - proceder a uma abordagem abrangente da dívida e outras responsabilidades que impendem sobre os residentes em Portugal e que, no fundo, oneram e irão onerar durante gerações, a multidão de trabalhadores e ex-trabalhadores, tomados pelo poder do capital, os receptáculos últimos e os naturais pagadores das faturas apresentadas pelo capitalismo global[i].
Quem se resignar a esta situação está do lado da continuidade da exploração capitalista, por ignorância, por conveniência ou… é masoquista.
Não tem, evidentemente, de ser assim e isso, só pode ser evitado numa concertação de povos[ii] contra os capitalistas e a sua extirpação, numa luta que custará – não tenhamos ilusões - sangue, suor e lágrimas. Aliás, esses fluidos escorrem já hoje, abundantemente nos quatro cantos da Terra, por ação ou inação criminosas do capitalismo, dos seus mandarins, polícias e exércitos.
Ontem já era tarde para reagir. E para reagir é necessário conhecer o inimigo, o terreno do combate, as armas de que detém e como as utiliza. Este texto é um modesto contributo para o efeito, no seguimento de muitos outros já publicados sobre a dívida[iii] e não só.
Sumário:
1 - O endividamento da economia portuguesa
2 - Endividamento das empresas não financeiras
3 - Endividamento das sociedades financeiras
4 - Endividamento das administrações públicas
5 - Endividamento dos particulares
6 – Os direitos de crédito do exterior sobre a sociedade portuguesa
7 – Resumo da evolução dos vários tipos de passivos em cada agregado económico
8 - Tipos de responsabilidades por agregado económico
1 - O endividamento da economia portuguesa
A dívida do Estado, do sistema financeiro, das empresas e das famílias é, constituída, parcialmente dentro do país, numa matriz de relações interna, entre as entidades ou agregados atrás considerados e parcialmente, de modo direto, junto de entidades sediadas no exterior. Por outro lado, mesmo quando o mútuo envolve apenas entidades residentes em Portugal, muitas vezes o credor municiou-se previamente no exterior enquanto a situação inversa é muito menos relevante.
O Banco de Portugal publica regularmente as contas financeiras de Portugal. Como em qualquer contabilidade procede-se a uma avaliação do ativo e do passivo, consolidando os haveres, direitos e obrigações de empresas não financeiras, do sistema financeiro, das administrações públicas e dos particulares; designa-se por consolidado por não relevar as relações internas no âmbito de cada agregado. Como contas financeiras não contabilizam o património físico existente em Portugal, como o edificado habitacional ou instalações industriais, comerciais ou de serviços, os recursos naturais, os bens materiais dos particulares ou das empresas. Consideram-se, sumariamente, para além do ouro monetário (não o privado retido para adorno ou entesouramento), o dinheiro e os depósitos, os títulos, e os empréstimos obtidos ou concedidos."
(...)conclusão
Sendo o setor financeiro o elemento dominante na generalidade das economias, é aquele que controla os aparelhos de Estado e os gangs de mandarins, tornando-se o mais habilitado para a determinação e gestão das políticas fiscal e orçamental, da produção legislativa e da decisão política[vi]. Por outro lado, a maior desmaterialização dos seus capitais, a procura desenfreada de altos níveis de liquidez, permite ao sistema financeiro global, como aos seus saguões nacionais, margens de lucro elevadas, tornando-se por isso particularmente procurados pelos capitais, mesmo os mais especulativos dos “investidores”. Daí que haja uma tendência para o aumento do valor atribuído às empresas do setor financeiro, apesar das suas fragilidades[vii], superadas pelo desmedido e dedicado apoio do BCE e dos estados nacionais.
Por outro lado, nas empresas não financeiras, as que operam na chamada economia real, a crise financeira actual gera dificuldades de obtenção de crédito, encerramentos, redução de atividade, numa gigantesca destruição ou subaproveitamento de capital que carateriza os dias de hoje. Esses elementos contribuirão para a redução do peso das sociedades não financeiras entre as partes sociais que representam os direitos dos capitalistas detentores das empresas e o desaparecimento de largos estratos de capitalistas pequenos e médios e dos seus sonhos de passarem a grandes[viii].
Para continuar a ler e analisar em profundidade o tema, aceda a este link, onde terá acesso a todos os 8 pontos que compõem o artigo, e os respectivos gráficos e quadros.
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Zita,
ResponderEliminarOlhe aqui uma brilhante ideia. Afinal temos por cá uns iluminados.
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=71885
Ou seja quanto mais nos roubam mais devemos gostar deles.
Uma ideia tão original. Mais um imposto. É que por enquanto pagamos pouco de impostos. Ainda não chega a 80% dos rendimentos.
Mas então e as remessas de milhões que os membros enviam para a UE, são o quê?
EliminarPedro Lopes!
EliminarIdeia Brilhante, santa paciência, ideia estapafúrdia, isso sim.
A União Europeia só conseguirá avançar (leiam bem o que vos digo neste momento) e ter futuro no dia em que existir:
União Fiscal
União Salarial
Lei laboral Unificada na sua essência (pontos mais importantes)
Tecto salarial (na união europeia) ao nível dos salários mais altos por um período nunca inferior a 10 anos.
Angelo,
EliminarEu por norma não gosto do federalismo Europeu.
A não ser que toda a escumalha tecnocrata que a controla fosse banida e substituída por outra elite, uma elite não-económica e financeira, e sim uma elite intelectual de valores e conhecimento.
Em todo o caso, prefiro o regresso á Europa das nações e a partir dai construir algumas novas instituições Europeias, mas sem que estas retirem a independência das nações, e numa lógica de irmandade de forma a evitar velhos antagonismos europeus.
Submissão e resignação, nunca jamais...
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