Contributo de um leitor e comentador, assíduo do blog.
Os economistas medem-na através de rácios ou lógicas monetaristas, desenham modelos keynesianos para a enfrentar enfim, cada um de acordo com a sua perspectiva, manifesta incerteza mas, acima de tudo, a incapacidade que dela resulta.
Há, porém, uma reflexão que até agora, nunca vimos feita: Sobre a ruptura provocada no circuito económico, pelas características do investimento.
Tentemos enquadrar:
Durante décadas, após a II Guerra Mundial (39-45), o capital foi sucessivamente investido em bens que proporcionavam a melhoria ao bem-estar do consumidor.
Encontraremos aqui, por exemplo, o automóvel, o electrodoméstico, o computador.
Em simultâneo com a produção e disseminação destes bens, as economias e o emprego foram crescendo, regularmente, e existiu uma melhoria generalizada da qualidade de vida embora, fosse sentida também uma exagerada pressão sobre o ambiente.
Tinha-se então como paradigma, que a tecnologia pouparia ao homem as tarefas mais pesadas e rotineiras e, para este, ficariam reservadas as actividades de cariz intelectual e mais tempo lúdico.
Nesta contínua procura de comodidade para o homem, seguiram-se os robots.
Como consequência, as unidades industriais que proporcionavam até aí milhões de empregos, reduziram-os a milhares. Novos investimentos passam a ser projectados quase exclusivamente com robots, evitando humanos.
Deste modo, o grande capital consegue concentrar enormes fortunas – apenas em offshores estima-se existirem entre 21 e 32 triliões de dollars (1 trilião = 1012= 1.000.000.000.000)
http://www.motherjones.com/mojo/2012/07/super-rich-trillions-offshore-tax-havens
Porém, com a queda de poder de compra originada ao robotizar a economia desempregando milhões de trabalhadores, o capital não encontra aplicações económicas atraentes e os juros nos offshores são mínimos…
Foi aqui que o “caminho para o céu” se inverteu:
Ao libertar o homem das tarefas mais árduas e repetitivas, foram aperfeiçoadas máquinas com capacidade para invadir toda a actividade económica, dispensando-o quase completamente.
Aqui se situa o suicídio do capitalismo:
Os robots podem substituir o homem na produção, mas nunca o conseguirão na economia.
OS ROBOTS NÃO COMEM, NÃO COMPRAM BENS, NEM PAGAM IMPOSTOS!!!
O investimento torna-se negativo quando anula o trabalho humano!
Ao não remunerar trabalhadores, o capital interrompe o fluxo financeiro que alimenta as actividades económicas a jusante, as quais, por sua vez, anulam encomendas aos sectores primários, a indústria e a agricultura, não esquecendo as consequências na máquina fiscal.
A falta de dinheiro (liquidez) na economia ainda foi disfarçada durante alguns anos - cerca de uma década - pelo crédito excessivo cedido pelo “braço armado” do capital: a banca.
Porém, o desenlace final seria inevitável à medida que as pessoas perdiam os empregos, o consumo diminuía, a crise alastrava – a China ajudava… - e os media ecoavam mundialmente o alarme.
A contracção generalizou-se.
No entretanto, as descomunais concentrações de capital imobilizadas nos offshores, face à falta de investimentos apetecíveis no mercado tradicional – por não existir poder compra – incitam a banca internacional a virar o seu apetite para as dívidas dos estados.
Começam então, as investidas sobre as “dívidas soberanas”…!
Ou seja, já que as pessoas não conseguem consumir, o capital passa a sorver o dinheiro delas através dos estados (impostos).
Pretende ver os seus proveitos melhorados, aumentando desmesuradamente os juros dos empréstimos, regularmente solicitados pelos países.
A estratégia foi desencadear ataques através de “agências de rating” as quais, de repente, descobriram o “perigo” das dívidas de estados com expressão económica muito reduzida.
Apercebendo-se do potencial de risco de contágio para quase todos os países da zona euro - se aumentassem as suas dívidas para socorrer os visados - as principais potências económicas europeias descartam qualquer sombra de solidariedade e obrigam as economias visadas a medidas internas de austeridade severa.
As economias fortes do Euro limitaram assim – e, a nosso ver, bem – a voracidade do capital financeiro internacional.
Apercebendo-se da dificuldade em realizar os seus intentos na Europa, a banca e as suas aliadas “agências de rating” tentam os USA – detentores da maior dívida externa mundial – mas ouvem Barack Obama avisar: “Os USA não são Portugal nem a Grécia…”
Com esta frase Obama ameaçava nas entrelinhas: “Olhem que os offshore, podem acabar…” avisando, claramente, a finança americana que poderia generalizar o que tinha recentemente feito às contas numeradas abertas por cidadãos americanos no offshore suisso.
Num instante, a pressão sobre os USA desapareceu.
Continuou então o desgaste sobre a Europa.
Quando será que a Europa tem uma só voz para poder falar como Obama?
Quando se ilegalizam todas as transacções financeiras com offshores?"
Excelente visão global...
ResponderEliminarPorém, já não são apenas as economias frágeis do Euro em risco: em 2012 a França decaiu, face a 2011, -0,3, e a poderosa Alemanha -0,6.
http://www.tradingeconomics.com/country-list/gdp-growth-rate
A robotização da economia faz perder empregos logo, reduz consumos correntes e a receita de impostos.
Ela reduz o poder de compra dos cidadãos ao mesmo tempo que os robots produzem mais, mais e mais...
Então, com legiões de desempregados, quem irá comprar as quantidades enormes de produtos industriais sobrantes?
Ainda hão-de pagar 6 meses de férias por ano ao mundo do trabalho, apenas para manterem as economias a funcionar...
Cumprir-se-á o sonho: mais tempo livre para o homem, graças às máquinas a produzir...
A mão-de-obra chinesa ainda é mais eficaz do que os robots:
ResponderEliminarÉ muito mais barata e em muito maior quantidade...
Mas só os EUA e a UE têm, por enquanto, poder de compra para aguentar - financeiramente - a colossal produção chinesa.
Será que a venda de Airbus à China paga o desemprego em toda a Europa do Sul e mantem florescentes as economias do Norte?
Já se está a ver que não...!
E até quando vão os chineses comprar aviões ao Ocidente?
Qual a estratégia económica ocidental para equilibrar o "ataque" da China?