"Quando alguém lhe disser que “gastamos acima das possibilidades” poderá recomendar a quem o diz a leitura de um estudo do Banco de Portugal e do INE chamado “Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2010”, publicado em Maio de 2012.
Lendo o quadro abaixo, incluído nesse estudo, fica-se a saber que, em 2010:
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A maior parte das dívidas das famílias dizia respeito à aquisição de habitação (24,5% das famílias portuguesas estavam a pagar empréstimos que tinham contraído para adquirir habitação principal);
Poucas famílias tinham outras dívidas (3,3 % tinham contraído empréstimos para adquirir outros imóveis 13,3% tinham contraído empréstimos para outros fins e apenas 7,5% estavam a pagar empréstimos obtidos com cartão de crédito, linhas de crédito e descobertos bancários);
Quem deve é quem tem maior rendimento e riqueza (nos 10% das famílias com maior rendimento, 57,4% das famílias eram devedoras; no grupo das 20% com menor rendimento apenas 18,4% das famílias estavam endividadas);
Se continuar a ler (quadro 11 do estudo) verificará também que quem mais deve é quem mais tem (a dívida mediana da classe de rendimento mais elevada é cerca de duas vezes maior do que a da classe de rendimento mais baixo, a dívida mediana da classe de riqueza mais elevada é quase seis vezes maior do que a da classe de rendimento mais baixo).
Não será o plural no “gastamos acima das nossas possibilidades” no mínimo um pouco exagerado?
Fonte: Banco de Portugal e INE, “Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2010”, Maio de 2012.
José Maria Castro Caldas
"P'ra mentira ser segura
ResponderEliminarE atingir profundidade
Tem de trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade"
(António Aleixo)
Soneto quase inédito - José Régio (1969)
"Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação."
Bem visto :)
Eliminar"O mundo só pode ser
EliminarMelhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por tí!"
(António Aleixo)
Um beijo Zita...
Espero que os des(governantes) tenham acesso a esta página!
EliminarEles acesso à página têm, não têm é vontade de mudar a belíssima vida que levam à custa de parasitas e "otários".... que ainda votam neles cegamente.
EliminarObrigada pelo poema do Aleixo, muito bonito...
Quem pensa que tudo sabe,
ResponderEliminarNão se apercebe concerteza;
Que um dia talvez acabe
Por saber o que é tristeza.
(Jorge de Sousa)
Similar ao Régio e ao Aleixo...
EliminarEu pouco ou nada sei,
Apenas conheço da minha tristeza
O fado da egrégia desdita Portugueza
Criada por quem rouba à sombra da lei;
…e,como aos demais já nem me queixo!
ResponderEliminarver Despacho 5776/2011 Diário da República
Era uma vez um banqueiro
a Dona Isabel ligado.
Vive do nosso dinheiro,
mas nunca está saciado.
Vai daí, foi a Belém
E pediu ao presidente
que à sua Isabel também
desse um job consistente.
E o bom do senhor Cavaco
admitiu a senhora,
arranjando-lhe um buraco
e o cargo de consultora.
O banqueiro é o Fernando,
conhecido por Ulrich,
e que diz, de vez em quando,
«Quero que o povo se lixe!».
E o povo aguenta a fome?
«Ai aguenta, aguenta!».
E o que o povo não come
enriquece-lhe a ementa.
com a devida vénia à Isabel:
"E ela, Dona Isabel,
com Cavaco por amigo.
não sabe da vida o fel
nem o que é ser sem-abrigo.
Cunhas, tachos, amanhanços,
regabofe à descarada.
É fartar, que nós, os tansos,
somos malta bem mandada.
Mas cuidado, andam no ar
murmúrios de madrugada.
E quando o povo acordar
um banqueiro não é nada.
É só um monte de sebo,
bolorento gabiru.
Fora do banco é um gebo,
um rei que passeia nu.
Cavaco, Fernando Ulrich,
Bancos, Troikas, Capital.
Mas que aliança tão fixe
a destruir Portugal!"
Se o Otelo Saraiva de Carvalho tivesse cumprido o que disse, talvez não tivéssemos chegado a este ponto.Todos os fascistas para o campo pequeno e fuzila-los, santa mezinha.
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