A destruição do SNS. Mais despesa, mais PPP´s, menos hospitais... mais vitimas.

Já é habitual... em Portugal os serviços públicos tornam-se insustentáveis e degradados, devido à má gestão, agiotagem, compadrio, nepotismo e à submissão aos grandes grupos económicos... mas os governos, as entidades reguladoras e a justiça em vez de tomarem as medidas justas e que lhes competem, - julgarem os criminosos, fiscalizarem os prevaricadores e enfrentarem os grandes grupos económicos, - pura e simplesmente decidem acabar com os serviços públicos... É mais fácil, e dá-lhes milhões, assim ganham os grandes grupos económicos, os prevaricadores e os criminosos e lesam-se mais uma vez os utentes inocentes. É a justiça à portuguesa.
UMA MÉDICA,  EXPÕE AQUILO QUE POUCOS SABEM. OS HOSPITAIS ESTÃO A SER DESMANTELADOS, O SNS ESTÁ A TORNAR-SE AINDA MAIS CARO E INSUSTENTÁVEL, EDIFÍCIOS E MÁQUINAS ESTÃO AO ABANDONO, TUDO PARA FAVORECER INTERESSES PRIVADOS...

"O Hos­pi­tal Pulido Valente, onde sou médica pneu­mol­o­gista, está inte­grado no Cen­tro Hos­pi­ta­lar Lis­boa Norte (des­ig­nação recente do con­junto dos Hos­pi­tais de Santa Maria e Pulido Valente).
Neste Hos­pi­tal, desde há cerca de dois anos, esta­mos a assi­s­tir ao encer­ra­mento de edifí­cios. O edifí­cio da Fac­ul­dade de Med­i­c­ina, agora total­mente aban­don­ado, foi desati­vado. Alguns serviços foram já trans­feri­dos para o Hos­pi­tal de Santa Maria e as respeti­vas insta­lações, que tin­ham rece­bido impor­tantes e dis­pendiosos mel­ho­ra­men­tos, ficaram ao aban­dono.
Há edifícios con­struí­dos de raiz que nunca chegaram a fun­cionar e out­ros recen­te­mente recon­struí­dos na sua quase total­i­dade e com equipa­men­tos de ponta insta­l­a­dos (bloco oper­atório com várias salas, pronto a fun­cionar) que foram deix­a­dos ao aban­dono, há mais de um ano, sem qual­quer expli­cação. Aqui não se pode falar de falta de espaço, nem das más condições das insta­lações do Hospital.
Tudo isto teve cus­tos muito ele­va­dos emb­ora, tam­bém neste caso, a falta de transparên­cia dos gas­tos públi­cos não per­mita quan­tificar o seu valor real, o que infe­liz­mente é habit­ual em Portugal.

A dívida 300 mil­hões de euros parece ser o motivo para jus­ti­ficar o encer­ra­mento do Hos­pi­tal. O encer­ra­mento paga as dívi­das? Como?
Não se vai anal­isar a gestão nem se respon­s­abi­lizam os Con­sel­hos de Admin­is­tração que levaram a esta situ­ação e a dívida ainda serve de jus­ti­fi­cação para o encer­ra­mento do Hospital!
O argu­mento de que o Hos­pi­tal Pulido Valente não é necessário e que encerrá-lo é uma forma de poupar recur­sos esconde outra real­i­dade total­mente diferente.
Ao mesmo tempo que se aban­donam edifí­cios recentes, onde já foram gas­tos muitos mil­hões de euros, num espaço den­tro da cidade, com um Par­que Arbóreo raro (tem um plá­tano com mais de 400 anos, clas­si­fi­cado de inter­esse público em 1945) aprova-se a con­strução do Hos­pi­tal de Todos os San­tos, tam­bém na mesma cidade de Lis­boa. Tudo isto num País em bancarrota.

Parece óbvio que os edifí­cios do Estado para a Saúde den­tro de uma cidade, de uma região ou den­tro do País devem ser con­sid­er­a­dos no seu con­junto. E, no entanto exis­tem muitís­si­mos exem­p­los de destru­ição e des­perdí­cio de din­heiros públi­cos com o património mate­r­ial da Saúde, como edifí­cios (geral­mente de qual­i­dade supe­rior aos que vão ser alu­ga­dos ou com­pra­dos e em alguns casos com valor histórico), bib­liote­cas, equipa­men­tos de ponta.
O Hos­pi­tal Pulido Valente é atual­mente o oitavo Hos­pi­tal em Lis­boa com encer­ra­mento planeado, não con­tando os que já foram encer­ra­dos e estão devo­lu­tos, e por­tanto não aproveita­dos para out­ros fins den­tro da área da Saúde, como os Hos­pi­tais de Arroios (devo­luto há 20 anos), Desterro e Miguel Bombarda.

Aos out­ros seis Hos­pi­tais (que são o de S. José, Santa Marta, Sto. António dos Capu­chos, Dona Este­fâ­nia, Curry Cabral e Mater­nidade Alfredo da Costa), junta-se ainda o Insti­tuto Gama Pinto, local­izado na Col­ina de San­tana. Trata-se por­tanto da imi­nente destru­ição irre­ver­sível do património mate­r­ial e ima­te­r­ial, cien­tí­fico, histórico e humano da cidade de Lis­boa. São Hos­pi­tais de refer­ên­cia ao nível das diver­sas espe­cial­i­dades médi­cas e cirúr­gi­cas como a car­di­olo­gia, a oftal­molo­gia, a otor­ri­no­laringolo­gia, a med­i­c­ina interna, a pneu­molo­gia, a ginecologia-obstetrícia, a neu­rolo­gia, a cirur­gia cardio-torácica e a orto­pe­dia, com os seus serviços de inter­na­mento, urgên­cia e bloco oper­atório, com a sua inter­venção no ensino uni­ver­sitário e pós-graduado, na inves­ti­gação e em ter­ritórios tão únicos e del­i­ca­dos como o trans­plante pul­monar, cardíaco e hep­ático. Estão a des­man­te­lar estes históri­cos Hos­pi­tais sem que ninguém se per­gunte que sen­tido isso faz do ponto de vista clínico, do serviço às pop­u­lações e do equi­líbrio das con­tas públi­cas. Na odis­seia do novo Hos­pi­tal de Todos os San­tos e na espec­u­lação imo­bil­iária que se prepara para os anti­gos Hos­pi­tais no cen­tro de Lis­boa, o negó­cio é quem mais ordena.

Encontram-se, em notí­cias dis­per­sas, argu­men­tos fala­ciosos para o encer­ra­mento destes seis Hos­pi­tais: um Hos­pi­tal novo e mod­erno para sub­sti­tuir os Hos­pi­tais vel­hos e “anti­qua­dos” (fazendo a asso­ci­ação errada do Hos­pi­tal de Todos os San­tos a con­struir em Chelas, à Med­i­c­ina que se deve praticar no século XXI) e que os cus­tos de manutenção de Hos­pi­tais já con­struí­dos e reabil­i­ta­dos são maiores que os cus­tos de um Hos­pi­tal a con­struir (e tam­bém a sua respetiva manutenção).
Mas é a própria lei que desacon­selha mais con­strução nova. No Decreto-Lei nº 185/2002 de 20 de Agosto, o Estado asso­cia pri­va­dos à prosse­cução do serviço público de saúde, atribuindo-lhes com o nº2, art. 8º do mesmo Decreto-Lei, a con­ceção, con­strução, finan­cia­mento, con­ser­vação e explo­ração desses esta­b­elec­i­men­tos. O Despa­cho nº 2025/2007 dos Min­istérios das Finanças e da Admin­is­tração Pública e da Saúde, ref­ere que o inves­ti­mento público nesta área deve ser ori­en­tado para a remod­e­lação, ampli­ação e ben­e­fi­ci­ação das estru­turas exis­tentes, exata­mente o con­trário do que está acontecer.

Há poucos anos, por meio de engen­haria finan­ceira, a Estamo, empresa do Min­istério das Finanças, “com­prou” estes Hos­pi­tais ao Min­istério da Saúde e encomen­dou disc­re­ta­mente, sem con­curso público, os pro­je­tos para os ter­renos lib­er­ta­dos pela destru­ição dos referi­dos Hos­pi­tais. Tam­bém não foi dado a con­hecer qual o finan­cia­mento mas já há pro­je­tos e maque­tas pagos (em julho pas­sado a Estamo, o arquiteto rep­re­sen­tante da Câmara Munic­i­pal de Lis­boa e os arquite­tos respon­sáveis dos vários pro­je­tos apre­sen­taram, em sessão pública, na Ordem dos Arquite­tos, os referi­dos pro­je­tos de arquitetura).

Quando em Por­tu­gal pare­cia haver muito din­heiro e a min­is­tra da Saúde e secretário de Estado da Saúde eram, respeti­va­mente, Leonor Beleza e Costa Freire (que chegou a estar preso) houve um anún­cio de venda do Hos­pi­tal Júlio de Matos. Foi tam­bém encomen­dado um pro­jeto pelo Min­istério da Saúde ao arquiteto Tomás Taveira. Planeava-se a destru­ição das dezenas de edifí­cios situ­a­dos no espaço do Hos­pi­tal e a con­strução de um con­domínio de luxo. A maquete deste pro­jeto chegou a ser pub­li­cada no jor­nal Expresso. Nesta altura houve a reação dos cidadãos em geral e tam­bém dos médi­cos, his­to­ri­adores e políti­cos, que con­seguiram evi­tar até agora a destru­ição do Hos­pi­tal e de todos os edifí­cios que o con­sti­tuíam. O Hos­pi­tal Psiquiátrico ficou com menos edifí­cios e out­ros foram adap­ta­dos para Serviços lig­a­dos à Saúde, como a Sede do Infarmed – Insti­tuto da Far­má­cia e do Medica­mento e do Insti­tuto de Sangue. Perderam-se “ape­nas” os lar­gos mil­hares de con­tos pagos na altura pelo pro­jeto do con­domínio de luxo na Avenida de Brasil.

A intenção para o encer­ra­mento de tan­tos Hos­pi­tais parece ser só uma: favorec­i­mento dos Hos­pi­tais PPP. O esquema de encer­ra­mento de todos estes Hos­pi­tais tam­bém é semel­hante: constrói-se um Hos­pi­tal PPP, que abrange a área do Hos­pi­tal a encer­rar e agrega-se esse Hos­pi­tal (ofi­cial­mente ou não) a um ou mais Hos­pi­tais. Os serviços dos Hos­pi­tais que se querem encer­rar vão sendo extin­tos, porque já não se jus­ti­fi­cam. No caso do Hos­pi­tal Pulido Valente, o Hos­pi­tal PPP em questão é o Hos­pi­tal de Loures (na área do HPV) e o Hos­pi­tal ao qual recen­te­mente foi agre­gado é o Hos­pi­tal de Santa Maria (onde, como é obvio, exis­tem todos os Serviços a encer­rar no HPV).

O Hos­pi­tal Júlio de Matos parece estar tam­bém a sofrer do mesmo esquema: encer­ra­mento de serviços por causa do Hos­pi­tal PPP de Loures e trans­fer­ên­cia de algu­mas valên­cias para o Hos­pi­tal de Santa Maria. Com os seis Hos­pi­tais que con­stituem o CHLC, a extinção suces­siva de serviços é mais com­pli­cada (pela enorme quan­ti­dade de serviços a extin­guir e o atraso na con­strução do Hos­pi­tal PPP de Todos os San­tos), mas mesmo assim, já está a ser feito com a Mater­nidade Alfredo da Costa.

Em Inglaterra, onde foi cri­ado o Serviço Nacional de Saúde após a Segunda Guerra Mundial e que foi o mod­elo, após o 25 de Abril, para o nosso Serviço Nacional de Saúde (igual­dade de acesso aos cuida­dos de saúde de todos, inde­pen­den­te­mente das condições socioe­conómi­cas de cada um) os Hos­pi­tais de refer­ên­cia mundial na sua área de espe­cial­i­dade são Hos­pi­tais cen­tenários como o Royal Bromp­ton Hos­pi­tal, na área da Pneu­molo­gia. Tam­bém o St Mary´s Hos­pi­tal (o hos­pi­tal onde nascem os príncipes) e o King Edward VII Hos­pi­tal (tam­bém usado pela família real britânica) são Hos­pi­tais cen­tenários. Todos eles sitos no cen­tro de Lon­dres. E ninguém se lem­brou de con­struir mega-hospitais de raiz noutras zonas da cidade, vendendo estas unidades históri­cas do cen­tro da cap­i­tal para hotéis ou condomínios.
Estes exem­p­los provam de forma irrefutável que o Hos­pi­tal mais mod­erno e com as mel­hores condições pode ocu­par um edifí­cio cen­tenário e local­izado no cen­tro de uma grande cidade.
(...)Mesmo no que se ref­ere aos din­heiros públi­cos, esque­cendo todo o Património em causa, onde estão os estu­dos que provam que são maiores os cus­tos de manutenção dos seis Hos­pi­tais con­struí­dos e a fun­cionar em pleno do que a con­strução e manutenção de um novo Hos­pi­tal (PPP) para os sub­sti­tuir? Não se percebe como é pos­sível vir a cumprir com o número máx­imo de 600 camas, como recomen­dado pela OMS.
As ten­ta­ti­vas de nego­ci­atas estilo IPO/Isaltino/Duarte Lima continuam…
Como é pos­sível ten­tar fazer tudo isto como se fosse normal?
Hoje, pre­cisa­mente, a Assem­bleia Munic­i­pal de Lis­boa ini­cia um con­junto de debates sobre os negó­cios pre­vis­tos para os Hos­pi­tais de Lis­boa. Esper­e­mos que sejam debates esclarecedores.
Todo este caso soma demasi­adas per­gun­tas, que con­tin­uam sem resposta. fonte

Este video prova crimes graves contra o SNS e os doentes, e nada se faz para punir os criminosos?  Crimes graves contra o estado e a nação?


E ASSIM SE EMPURRAM OS DOENTES PARA O PRIVADO
--"Mais de sete em cada 10 portugueses (75%) consideram provável sofrer algum incidente adverso nos cuidados de saúde, no que consiste a terceira percentagem mais elevada da Europa, revela um Eurobarómetro divulgado a propósito de um balanço das medidas tomadas pelos estados-membros para reforçar a segurança dos doentes." 
FONTE
-- Demissão em bloco, dos 66 diretores do hospital portuense.
"Nesta altura, começa a não ser possível garantir aos doentes as condições de prática clínica adequadas, há cirurgias que estão a ser adiadas simplesmente porque não temos operacionais para limpar os blocos operatórios e este quadro promete, obviamente, agravar-se com o período de férias de verão" fonte
-- Ordem dos Médicos denuncia que serviços de saúde no Algarve estão à beira da rutura.

A MÁ GESTÃO E GESTÃO CRIMINOSA ARRUÍNAM SNS
  1. Milhões ainda em caixotes.
  2. Abortos de luxo.
  3. Tachos do SNS.
  4. A máfia que se instala no SNS
  5. Ordenados de luxo e festas.
  6. Veja neste video a péssima gestão.
  7. Salários estranhos
  8. Médico espanhol denuncia as listas de espera do SNS
  9. Mudar de marca, um serviço público? 
  10. Hospitais fantasma.... tenham medo
  11. Engenharia financeira visa acabar com o SNS
  12. ARNAUT -A agiotagem, o compadrio, o nepotismo e a submissão aos grandes grupos económicos, destroem SNS
  13. O SNS, o antes e o depois de estar no poleiro
  14. As conquistas de Passos Coelho pagam-se com a vida
  15. Morrer de cancro por não ter dinheiro para se tratar?
  16. Passos Coelho poupa nas reformas e no SNS?
  17. Cortar nas camas dos doentes 
  18. Péssima gestão de stocks.
  19. Hospital de São João tem 30 cirurgiões que nunca foram ao bloco operatório
  20. Secretário de estado adjunto acha as misérias dos utentes do SNS cómicas!!
  21. O SNS em Inglaterra... 

1 comentário:

  1. Na conivência deste crime hediondo, está o António Costa e o Salgado Vereador do Urbanismo da CML, Chelas é dos piores sítios para construção e estes dois criminosos incentivam e defendem a construção dum Hospital, para cúmulo de sadismo, um mega hospital que ajuda a destruir uma data deles úteis e funcionais e chamam-lhe "todos os SAntos" é mesmo para gozar com o povo e uma Nação inteira. Mas isto só é possível porque os Santanas, as Zézinhas e outros homenageados, mais os tolos escolhidos a dedo do Departamento de Urbanismo da CML pactuam e acham bem. Crime é pouco, um dia esperemos que paguem pelos horrores que estão a fazer. Com juros ao va lor da tróika, mas também podem ser com os juros dos mercados. Paguem!

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Olá caro leitor, obrigada por comentar... sei que apetece insultar os corruptos, mas não é permitido. Já não podemos odiar quem nos apetece... (enfim) Insultem, mas com suavidade.
Incentivos ao ódio, à violência, ao racismo, etc serão apagados, pois o Google não permite.